15 março, 2010

The Pacific


Em Band of Brothers, Tom Hanks e Steven Spielberg trouxeram à luz do dia os feitos e desventuras de um conjunto de soldados norte-americanos que viveram alguns dos episódios mais marcantes ocorridos no território europeu no final da II Guerra Mundial, desde o dia D até à chegada a Berlim.

A série mostrou-se magistral em diversos aspectos, incluindo produção, realização, interpretação e direcção de actores, merecendo, por isso, o reconhecimento da crítica e do público, dando a conhecer uma Easy Company formada por homens normais, que, com as suas vidas e sangue, contribuíram para que o conflito tivesse o desfecho por todos conhecido.

Amanhã, com começo marcado para as 23h20, o canal AXN inicia a emissão do primeiro de dez episódios da série The Pacific, dos mesmos produtores.

Não se trata de uma continuação de Band of Brothers, mas do relato de algumas das principais batalhas ocorridas no teatro de operações do Pacífico, igualmente baseada em factos reais, focada na perspectiva de três marines que então pertenceram à 1ª Divisão de Marines,"The Old Breed".

Se esta série tiver metade das qualidades de Band of Brothers (e vem referenciada como tendo bem mais que isso), então a sua visualização é, mesmo, a não perder.


Morchella Esculenta

09 março, 2010

Eskrima

Desde Setembro que tenho vindo a praticar Kung Fu To'a da escola Flor de Lótus. Ainda estou, claro, numa fase muito inicial, apesar de sentir notórias melhorias ao nível da flexibilidade e da resistência, já para não falar do peso.

No passado mês de Fevereiro, por iniciativa do grupo a que pertenço, frequentei um seminário de uma arte marcial até ao momento para mim desconhecida, Eskrima.

Esta arte marcial, originária das Filipinas, dedicada ao treino da luta com bastão, espada ou facas, incluindo ainda uma vertente de "mãos abertas", terá cerca de 2000 anos de existência, com maior incidência a partir do século XVI, alturas de domínio espanhol sobre aquelas ilhas.

Trata-se de uma arte marcial extremamente eficaz e mortífera, baseada em técnicas simples apenas na aparência, revelando-se de extrema complexidade de execução, dado serem possíveis inúmeras combinações de golpes, bem como o uso de armas de diversas em simultâneo.

De acordo com alguma informação história que consegui recolher, a Eskrima terá origens, entre outros, no Kung Fu, Tai Chi e Wing Chung, bem como na esgrima espanhola.

Aliás, o próprio desenvolvimento da arte terá ocorrido com maior intensidade depois da ocupação das Filipinas pela Espanha de Filipe II (I de Portugal), do que resultou o seu baptismo com tal nome.

Com a ocupação, o sentido de nacionalismo começou a crescer e as técnicas mortais de combate com lâminas – já com séculos de desenvolvimento – começaram a ser utilizadas, levando a que o invasor proibisse os autóctones de usar espadas e facões.

Por isso, estes passaram a treinar com bastões de "rattan" (um material semelhante a um bambu), observando ainda os treinos dos espanhóis com armas, aprendendo as suas técnicas, somando-as aos movimentos nativos.

Assim, criaram um conjunto de técnicas, tácticas e estratégias ainda mais eficaz e letal para conflitos de vida ou morte. E acreditem, é mesmo de vida e de morte que se trata.

Os golpes feitos com os bastões em causa são extremamente dolorosos e incapacitantes e, por isso, na mão de um praticante de Eskrima, qualquer pau com cerca de 50 ou 60 cm pode tornar-se numa arma branca.

É claro que ninguém no seu perfeito juízo procurará aprender ou praticar uma arte marcial, seja ela qual for, para a poder utilizar de modo gratuito. Contudo, todas têm a sua vertente de defesa pessoal e, para situações mesmo sérias, esta é, com efeito, extremamente eficaz.

Da minha parte, pelo pouco que pude aprender, constatei que contribui para desenvolver em muito a coordenação motora e os reflexos e traz consigo um significado primitivo muito forte.

Tem em comum com outras artes marciais a exigência de conhecermos os nossos limites, forçá-los e aprender a não subestimar as nossas capacidades e, assim, por consequência, a respeitar qualquer adversário.

Complementarmente, liga-nos aos nossos instintos mais primários e procura equilibrá-los com a lucidez da razão, podendo combinar-se com técnicas de qualquer outra arte marcial.

Por isso, a quem tenha interesse, recomendo que observem o vídeo que segue e retirem as suas próprias conclusões. Da minha parte, recomendo.

Morchella Esculenta





Robot? Quem, eu?



Nestes dias de trevas em que vivemos, assaltados por infinitas informações de prognose catastrófica, li, no site do Diário de Notícias, uma entrevista ao investigador português Filipe Luig, cientista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, na qual de forma surpreendente (pelo menos para mim) este afirma que, um dia, "(...) iremos ser mais biónicos, com circuitos electrónicos instalados no nosso cérebros que irão funcionar em conjunto com o nosso ADN. A evolução das máquinas irá obrigar a que o homem se torne ele, também, em algo que pode ser modificado. Acredito que poderemos assistir, dentro de 100 anos, ao nascimento da próxima evolução do homem: o cyber sapiens (...)".

Claro que, como os demais mortais, vivemos presos nos nossos quotidianos, sem ligarmos muita importância a algo que apenas se encontre num futuro que julgamos distante e ficcional.

No entanto, este tipo de notícias não podem deixar de surpreender e provocar alguma reflexão.

Desde logo, será este futuro assim tão distante?

A bionanotecnologia não é ficção científica. É uma realidade actual e em desenvolvimento cujos efeitos não são publicamente debatidos nem constitui preocupação corrente da generalidade das pessoas ou das instituições que nos governam. Digamos que não está na "agenda política".

Bastamo-nos com a esperança que esta tecnologia se dedique a servir a causa humana, na saúde ou em serviços de que possamos usufruir. Como exemplos, já se divulgam aplicações para criar telemóveis flexíveis compostos por ADN (!), ou em sondas ou sensores médicos.

E, no entanto, como será que nos devemos passar a classificar como espécie se o nosso próprio ADN passar a conviver integrado com equipamentos de ADN tipo mecânico? Por certo que a nossa estrutura identitária se alterará com implicações profundas do ponto de vista individual e social.

Ter-se-ão de impor limites à quantidade de ADN não humano a integrar numa dada pessoa? Mesmo estando em causa a própria vida? Se não, e a quantidade daquele passar, por absurdo, a ser superior à de ADN humano, será essa pessoa humana ou biónica?

O cinema e a tv estão repletos de máquinas a quem, no futuro, o Homem deu consciência humana e já, de certa forma, reflectem sobre estas questões, mas do ponto de vista da máquina.

O contrário não está pensado e cabe perguntar se não será chegada a altura de o fazermos.

A Lei de Moore diz que a capacidade de processamento dos chips duplica a cada 18 meses e estes diminuem de tamanho na ordem inversa.

Naquela entrevista, o mesmo investigador sustenta que "(...) prevendo a evolução da humanidade ao ritmo que actualmente temos, nos 90 anos que faltam para o fim do século iremos evoluir 20 mil anos (...)".

Não somos um elemento estático do Universo. Evoluímos tal como as demais espécies e, chegado o momento, deixaremos de existir tal como somos.

Parece que estamos já em plena fase de transição e não deveríamos esperar pelo facto consumado para reflectir sobre estas questões de modo aberto a toda a sociedade, apesar de não ser um tema premente. Talvez se devesse mesmo constituir uma Comissão de Ética para o efeito...

Morchella Esculenta